domingo, 20 de junho de 2010

É impressão minha ou é cult andar vestido de pobre, dar nome de pobre ao filho, frequentar botequim copo sujo? É impressão minha ou é cult negar o que eu li esses dias como o "roteiro de vida classe média"? É impressão minha ou é cult negar grana "mal empregada" (pra quem?) e tudo que não se encaixe no roteiro cafés, botecos, bistrôs, livrarias, museus, concertos, parques, ciclovias, Zona Sul, Centro e Paris? Porque eu tenho essa impressão: de um modismo que nega o modismo. De um consumo popular específico ou erudito (mas é consumo) que nega o consumo. De uma necessidade agressiva de ser diferente e que faz iguais. De uma busca de identidade cega, que cega o conhecimento. É como se bom gosto fosse uma questão de escolha e não de identidade cultural, de contexto social, de acesso àquilo que é bom.

O primeiro a acender o fogo na caverna foi o primeiro intelectual.

"Cult" não é o problema. O problema é a maquiagem usada pra esconder o medo de não ser grande coisa ou de ser coisa nenhuma.

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