quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Mania de estar certo

É proibido dividir um dia em dia e noite? Dia quando está claro e noite quando está escuro? Desci no elevador, no hall do apartamento um vizinho. Bom dia, eu disse. Boa tarde, já é boa tarde, ela respondeu. Saí da faculdade, me despedi e gritei: bom dia! Ele respondeu: boa tarde, já é boa tarde. Na rua, no trabalho, na casa da família... as mesmas pessoas nas mesmas mesmices.
Todos os dias alguém se apega à forma e não ao afeto. É vício de ser chato, de ver a vida espremida nos significados insignificantes. Mera superfície. Me faz querer fugir desse desejo de ser cordial, abrir a porta de casa e no primeiro encontro com o outro, após o meio dia, falar: vai tomar no cú!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Artista é o caralho...

http://www.youtube.com/watch?v=LcjW2kVcpvE

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Pra quem sempre sonhou com um funk cult:
imperdível!

http://www.youtube.com/watch?v=cXMB6NYlQ4g

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Quando nascem os “alpargatas”?

Taí, mais um sintoma. Isso é sintomático. Só pode ser. Enquanto uns menos ordinários tocam suas vidas quase numa busca do nirvana, eu fico aqui remendando uma briga em outra. Preciso deixar de ser espectadora ou fiscal da vida alheia. Mas se não sair por aqui sairá pelos poros, pelo nariz. Eu mal consigo respirar o mesmo ar. Coitadas dessas crianças, “terceirizadas “– foi como li e adorei, no site da Silvia Pilz-. Que pena, que grande pena essas crianças... filhas do vento. É fato que o excesso da mãe, a supremacia do desejo de possuir a liberdade do outro também adoecem. Precisamos da falta. Mas pré-sinto que solidão e insegurança adoecem tanto quanto. E intuição de mãe é tudo.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Só há lugar para um Friedrich...

Sou quase uma ativista da despretensão, seja uma despretensão em movimento ou preguiçosa. Já pensou uma civilização de Nietzsches, numa representação da obra Ecce Homo? Acho que por isso me tornei uma defensora do mediano, a partir da máxima que um mundo de “grandes e prontos” seria humanamente impossível, além de insuportável. Da mesma forma seria impossível pensar uma civilização de Tarzans. Nem oito, nem oitenta. Como construir a própria identidade sem considerar a singularidade, numa vida apresentada e cheia de limites? É mais fácil aceitar a pergunta de uma funcionária: se seu marido é judeu, é verdade que vocês têm pacto com o Diabo? Isso foi o que ela aprendeu... Chega a ser engraçado e de tão ingênua ela tem minha solidariedade. Ela e os pretensiosos ignorantes. Minha grande dificuldade está em aceitar os sujeitos de experiências intelectuais significativas e que no entanto são arrogantes, preconceituosos e mesquinhos - resultado: asco, ansiedade, sufocamento e muita análise para engolir esses primatas de "alpargatas", com títulos e livros com fim neles mesmos.

"...acontece que a donzela - e isso era segredo dela, também tinha seus caprichos. E a deitar com homem tão nobre, tão cheirando a brilho e a cobre, preferia amar com os bichos..."
Geni e o Zepelim - Chico

É quase isso...

O Darth Vader do Jardim Botânico - além da poesia

Eram oito da manhã e no auge do meu sono, no meu direito de lagartear num dia de semana, sou acordada pelo “batidão” na casa do vizinho. As paredes da minha sala pareciam que iam explodir e meus ouvidos também. Do quarto andar (e último) do meu apartamento no Jardim Botânico tudo o que eu queria, se não fosse barrada pela minha consciência moral, era jogar a infeliz da adolescente “dona do prédio” do quinquagésimo. Pensei em ir até lá e arrebentar aquela porta, mas desisti de ficar batendo cabeça. Ia acabar presa. E sou assim mesmo, tô sempre com uma vontade quase irresistível de experimentar o crime. Tomei um gole de café requentado no microondas e fui pedalar na Lagoa. Quando você já tá com uma pré-disposição pra achar tudo um inferno não tem jeito. Primeiro dei de cara com a Rua Jardim Botânico - que não tem nada de romântica sob minha avaliação pessoal -, cheia de barulho, buracos nas ruas, calçadas e imediações, além de muito lixo e estabelecimentos decadentes. Pra mim sempre foi difícil pedalar ali porque sempre fui meio desequilibrada, em todos os sentidos. Os botequins abrindo e já cheios de seus freqüentadores matutinos. Também não consigo ver romantismo nenhum em alcoolismo. Enfim, já na Lagoa mais uma visão das trevas: eis que um despacho (mandinga, feitiço, ebó, mironga, ziriguidum) tinha sido feito ao lado do Clube Naval, no meio da ciclovia. Despacho legal, com direito a tigela de barro quebrada, galinha preta assassinada e farofa de ovo com banana e bacon pra todo lado. Fiquei tão impressionada com aquela sucessão de incivilidade que acabei atropelando outro ciclista. Até achei que podia ter sido a macumba, depois do meu olhar discriminatório. Foi quando parei e chorei, chorei muito. O atropelado me abraçou e disse que tudo bem, que não tinha sido nada sério. Coitado, ele saiu pior do que minha entrada com tudo em cima dele e sem entender que eu tava tendo uma crise de nervos. Ai, ai... Quanta saudade da Zona Sul.

domingo, 20 de junho de 2010

Pra mim o que é insuportável nas críticas pejorativas é que elas vem carregadas de conteúdo hipócrita. Elas são o caminho mais rápido pro prestígio. É crescer em cima do outro e não por competência. E as vezes o mais patético é que ficam "chutando cachorro morto".